quinta-feira, maio 31, 2007

Quem matou o Amor?!

"Houve uma vez, na história do mundo, um dia terrível, em que o Ódio - o rei dos maus sentimentos, dos defeitos e das más virtudes - convocou uma reunião com todos os seus súbditos.

Todos os sentimentos escuros do mundo e os desejos mais perversos do coração humano chegaram a essa reunião com muita curiosidade, porque queriam saber qual o motivo de tanta urgência.

Quando todos já estavam presentes, falou o Ódio:
"- Reuni-os aqui porque desejo com todas as minhas forças matar alguém!"

Ninguém estranhou muito, pois era o Ódio quem estava a falar e ele queria sempre matar alguém, mas perguntaram-se quem seria tão difícil de matar que o Ódio necessitava da ajuda de todos.

"- Quero matar o Amor" - disse o Ódio.
Muitos sorriram com maldade, porque mais de que um ali tinha a mesma>vontade.

O primeiro voluntário foi o Mau Caráter:
"- Eu irei e podem ter certeza que num ano o Amor terá morrido. Provocarei tal discórdia e raiva que ele não vai suportar."

Um ano depois reuniram-se outra vez e, ao escutar o relato de Mau Caráter, ficaram decepcionados:
"- Eu sinto muito. Bem que tentei de tudo, mas cada vez que eu semeava discórdia, o Amor superava e seguia seu caminho."

Foi então que muito rapidamente se ofereceu a Ambição para executar a tarefa. Fazendo alarde de seu poder, disse:
"- Já que Mau Caráter fracassou, irei eu. Desviarei a atenção do Amor com o desejo por riqueza e pelo poder. Isso ele nunca irá ignorar."


E começou, então, a Ambição o ataque contra a sua vítima.

Efectivamente, o Amor caiu ferido. Mas, depois de lutar arduamente, curou-se: renunciou a todo o desejo exagerado de poder e triunfo.

Furioso com o novo fracasso, o Ódio enviou os Ciúmes. Estes bufões perversos inventaram todo tipo de artimanhas e situações para confundir o Amor. Machucaram-no com dúvidas e suspeitas infundadas. Porém, mesmo confuso, o Amor chorou e pensou que não queria morrer. Com valentia e força se impôs sobre eles e venceu-os.

Ano após ano, o Ódio seguiu a sua luta, enviando a Frieza, o Egoísmo, a Indiferença, a Pobreza, a Enfermidade e muitos outros. Todos fracassavam sempre.

O Ódio, convencido de que o Amor era invencível, disse isso aos demais:
"- Nada mais podemos fazer. O Amor suportou tudo. Insistimos há muitos anos e não conseguimos."


De repente, de um cantinho do auditório, levantou-se um sentimento pouco conhecido e que se vestia todo de preto. Com um chapéu gigante, ele mantinha o rosto encoberto. O seu aspecto era fúnebre como o da morte.
"- Eu matarei o Amor", disse com segurança.

Todos se perguntavam quem seria esse pretensioso que, sozinho, pretendia fazer o que nenhum deles havia conseguido.

O Ódio ordenou:
"- Vá e faça!"

Havia passado pouco tempo quando o Ódio voltou a convocar a todos para comunicar que finalmente o Amor havia morrido. Todos estavam felizes, mas também surpresos. E o sentimento do chapéu preto falou:

"- Aqui vos entrego o Amor, totalmente morto e esquartejado."

E sem dizer mais palavra, encaminhou-se para a saída.

"- Espera!" - determinou o Ódio, dizendo:

"- Você eliminou o Amor completamente, em pouco tempo, deixando-o desesperado e, por isso mesmo, ele não fez o menor esforço para viver! Quem é você afinal?"


O sentimento, pela primeira vez, levantou seu horrível rosto e disse:

"- Sou a Rotina..."





"Para os erros há perdão. Para os fracassos, chance. Para os amores impossíveis, tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. O romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."

1 Comments:

At sexta-feira, 01 junho, 2007, Anonymous Anónimo said...

Bom texto, dá que pensar.

 

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