quinta-feira, maio 10, 2007

Vestígios do Passado...




“We cannot change our past. We can not change the fact that people act in a certain way. We can not change the inevitable. The only thing we can do is play on the one string we have, and that is our attitude.”

Existem aspectos da nossa vida em geral que, sem nos apercebermos, deixam as suas marcas, vestígios do nosso passado que se repercutem no presente...no futuro!
Sabemos apenas na altura que não apreciámos ou apreciámos determinado comportamento, gesto, atitude.

Uma marca positiva vicia-nos e deixa-nos mal habituados...desejando que se repita!
Uma marca negativa traumatiza-nos e deixa-nos “calejados”...desejando que não se volte a repetir!

Porquê?!
Porque é que essas marcas negativas acabam por inevitavelmente assumir uma dimensão e importância maior do que as marcas positivas?!
Quero acreditar que temos capacidade para ultrapassar as coisas sem que essas marcas condicionem as nossas decisões, que não existam “recalcamentos” que nos impedem de seguir em frente...não passando de marcas do Passado!

“You can clutch the past so tightly to your chest that it leaves your arms too full to embrace the present.”

Fazemos os possíveis para que os assuntos fiquem resolvidos na altura devida. Quais os efeitos dessa tentativa? Fica sempre um vestígio, uma mágoa, saudosismo, nostalgia, por maior que seja o nosso esforço em evitar que assim seja.

Colocando um pouco de parte o impacto do nosso passado em nós próprios e analisando as consequências nas pessoas que nos rodeiam, de quem mais gostamos e amamos...Até que ponto será justo que alguém seja vítima de comportamentos, reacções, explosões da nossa parte por coisas que até desconhecem ou que não motivaram?!

Em função do passado construímos de uma forma ou de outra, consciente ou inconscientemente, barreiras e escudos...No fundo, são defesas criadas para que a nossa insegurança, desconfiança, vulnerabilidade sejam imperceptíveis.

Depois de criadas essas nossas “armas”, quando e como sabemos que chegou a altura de baixá-las? Como conseguiremos baixá-las e voltarmos a ter a “inocência” e “ingenuidade” que um dia tivemos?

Enquanto perduram essas barreiras, criamos igualmente uma imagem aos olhos de quem nos rodeia...somos vistas como pessoas frias, distantes, racionais, calculistas, independentes, seguras, confiantes e não se pára para pensar no que estará por detrás de toda aquela imagem que consubstancia apenas...uma aparência.

A uma determinada altura, não passamos de uns estranhos! Para quem nos conhece...e sobretudo, para nós próprios!
Saturamo-nos dessa situação, queremos evoluir, melhorar, mostrar que somos ainda melhores do que o que quem nos rodeia pensa que somos. Aí, surge uma nova questão, por onde começar? O que é que isso exige de nós e dos outros?

Da nossa parte, em primeiro lugar e acima de tudo, é necessário acreditarmos que vamos conseguir. Sabendo à partida que não será fácil, temos de lutar para contrariar os comportamentos que até então eram tidos como habituais e normais. Mas isso, de início, só depende de nós.

De quem nos rodeia, que nos ama, que deseja o melhor para nós de forma a podermos dar o nosso melhor e entregarmo-nos sem reservas, em suma, de quem se torna as principais vítimas...é necessário que em primeiro lugar acreditem que não somos como somos por embirração, birra, vontade de ser assim. Depois e o que mais custa pedir e receber é basicamente: paciência, tolerância, compreensão. Que nos transmitam confiança, tranquilidade, estabilidade e segurança...já que esses foram os principais valores atingidos que nos fizeram construir as nossas barreiras.

É difícil e chega a ser ingrato para quem quer vencer essa batalha.
Porém, sei que ainda é mais difícil e absolutamente ingrato para quem lida connosco. Já que, por coisas que fizemos ou dissemos, acabámos por fazer com que essas pessoas se mostrem menos receptivas a “estar lá para nós” depois de tanto dar sem receber ou receber apenas “patadas”.

Acho que o primeiro passo para ajudar nesta luta diária é interiorizar que pelos erros de uns, não têm de pagar outros!
Antes de agir impulsivamente, meditar sobre se a nossa “patada” é dada pela gravidade da situação ou se é por ser precisamente algo que nos marcou e que desejamos que não se repita! Ou seja, se teríamos o mesmo tipo de resposta, caso não existisse um recalcamento, uma mágoa...um trauma!!!


“Looking back you realize that a very special person passed briefly through your life - and it was you. It is not too late to find that person again.”